terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Bistro da Rua, como tudo começou!


Vou aproveitar que não estou com sono (dormi hoje até as 2 da tarde) e escrever sobre o meu encontro com a cozinha real...foi quando percebi que aquele "glamour" todo que envolve a profissão do "chef de cozinha" não passa de uma grande bobagem. Aliás, como diz a Roberta Sudbrak (sou fã dela), a profissão é mesmo COZINHEIRO, chef é só o cargo e uma cozinha sem cozinheiros, não tem um chef!
Lembro que quando fui fazer o meu estágio, outros colegas já tinham feito e todos iam pra aula cheios de histórias pra contar. Uns adorando e outros reclamando que só tinham lavado salada. Que coisa mais estúpida achar que vai colocar o pé na cozinha pela primeira vez na vida e vai direto pro fogão..santa petulância. Outro boato que rolava era que tinha um cozinheiro "mau", que fazia as coisas propositalmente pra "ralar os alunos", hahaha..que piada! Não que isso não possa acontecer, mas nesse caso o "cozinheiro mau" revelou-se uma das pessoas mais queridas daquela cozinha.
Mas enfim, cheguei eu no primeiro dia, muito antes da hora marcada e fiquei esperando, mega nervosa. Quem me conhece sabe que eu odeio "primeiros dias" de qualquer coisa que seja. Tenho um certo pânico de chegar em um lugar onde todos se conhecem e eu não conheço ninguém..mas continuando a história, quando chegaram todos os cozinheiros, me mostraram aonde trocar de roupa e fomos pra cozinha. O chef ainda não estava lá. O cozinheiro "mau" era o responsável e me mostrou o que fazer. Minha primeira tarefa foi descascar batatas..até aí tudo bem. Quando terminei, ele me pediu pra limpar a geladeira...iii, ferrou! Pronto, ele é mau mesmo, eu pensei..e me odeia! Limpei o raio da geladeira, não entendendo porque ele estava me dando aquele trabalho cruel, quando o que eu mais queria era cozinhar. Mas tudo bem, limpei a geladeira imaginando que aquilo fosse um teste, pra ver se eu tava ali pra trabalhar mesmo, ou pra desfilar, como algumas das minhas colegas que até maquiadas iam para a cozinha (laranjas de tanta base...santa paciência).
Acho que foi no segundo dia que eu cheguei perto do fogão pela primeira vez. Me pediram pra fazer uma base de risoto e eu fui, feliz mas com medo porque até então nunca tinha feito a tal base. Tivemos uma aula sobre a tal base, mas o professor fez uma vez, explicou e era isso. Quando aquela boca dupla de fogão industrial começou a esquentar e o meu braço começou a doer mexendo dois quilos de arroz eu pensei: "o que eu to fazendo aqui??? Que horror, que quente, que pesado..eu odeio isso, não quero trabalhar aqui, não quero mais nem fazer estágio". É até engraçado eu lembrar disso agora, mas naquele momento foi isso que pensei. Acontece que naquele mesmo dia o restaurante começou a encher. A cozinha começou a se movimentar cada vez mais rápido e nem lembro bem qual era a minha função naquele momento, só lembro que a adrenalina começou a tomar conta de mim. Aquela energia boa, de desafio e depois de orgulho, quando todos os pratos saem da cozinha lindos e no tempo certo. Acho que eu até estava lavando louça (naquela época não tínhamos lavagê)mas mesmo assim me senti parte da equipe e senti que o meu trabalho, lavando as frigideiras para que os cozinheiros pudessem usar de novo, era muito importante.
Depois disso, o pânico do fogão gigante e quente desapareceu completamente. Em duas semanas eu já estava por dentro de tudo, sabendo montar todos os pratos, o peso de cada porção, como cortar cada legume e o que fazer primeiro para que tudo saísse dentro do tempo. No último dia (era um estágio de somente duas semanas) o que eu mais queria era ficar...e fiquei. O chef conversou comigo e me convidou pra trabalhar ali. Lembro que era Dezembro e ele me pediu que começasse dia 3 de Janeiro, quando eles voltariam das férias. Foi um dos finais de ano mais alegres da minha vida.

Um comentário:

  1. Que saudade disso tudo!!! Das comidas...salada de maionese..doces..aiaiaia!!!

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