quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sentimento bom


Hoje conheci uma cidade onde eu moraria fácil, fácil...Lyon, uma das maiores cidades francesas que fica na região dos Alpes..não posso dizer que é linda, maravilhosa e glamourosa como Paris, mas aqui tem o que, pra mim, não existe em Paris: o algo mais..aquilo que faz com que a gente se sinta bem, se sinta em casa. Não sei se isso vem das pessoas ou se vem da própria cidade, como se fosse a alma, o espírito que cada lugar tem..talvez a palavra certa seja "aura". Mas acho que "energia" resume bem o que eu quero dizer.


Sabe aquilo que acontece algumas vezes quando conhecemos certas pessoas? com algumas encontramos afinidades no primeiro minutos, com outras "o nosso santo não bate". Acho que com os lugares isso acontece da mesma forma. Em alguns lugares nos sentimos bem como se estivéssemos em casa...foi isso que aconteceu no meu caso, o "meu santo bateu com o santo de Lyon".


Confesso que quando planejamos essa viagem de final de ano, Lyon era a cidade que menos me atraía. Fora a parte gastronômica, que é incontestável (Lyon é o berço da cozinha francesa), a idéia de vir pra cá não era lá muito entusiasmante. E talvez tenha sido isso, talvez o fato de ter chegado aqui sem expectativa nenhuma tenha me feito gostar tanto da cidade.


Saí caminhando pelo centro, procurando pelas vitrines das patisseries e boulangeries..mesmo que não se compre nada, as vitrines já são um agrado e tanto pra quem é apaixonado por comida. Quando me dei conta já estava lá, no meio do povo, caminhando feliz e relaxada daquele jeito que só fazemos em lugares que conhecemos bem. Lyon me acolheu, me recebeu bem. Aliás, as pessoas daqui também parecem ser bem mais cordiais que em Paris, ou em Genebra...todos os atendentes foram simpáticos e não fizeram cara feia quando eu disse que não sabia falar francês.


No meio do caminho encontrei uma fruteira cheia de coisas fresquinhas..não tive dúvidas na hora de escolher minhas lichias...afinal, nem sempre se acha lichias frescas por aí..pelo menos não no Brasil.


Mais adiante não resisti e comprei um macaron au praline..nhammm..delícia! Mas tudo bem, as resoluções de ano novo estão aí pra isso. Assim que voltar pra Londres eu vôo pra academia e tento correr atrás do prejuízo..ou melhor, do estrago que esses oito dias de viagem (no inverno) pela Europa estão fazendo comigo!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ano Novo - momentos de refletir


Faz alguns anos que eu paro para refletir quando o fim do ano se aproxima. Pra mim funciona! Penso nas coisas boas que fiz, no que aprendi, no que realizei e no que ainda falta realizar. Também é tempo para planejar as mudanças para o ano novo, afinal, quando vira o ano sinto como se tivesse o direito de recomeçar...mudar tudo que está errado, virar a página e ter a chance de fazer tudo bonito dessa vez. Claro que nem sempre dá certo. O famoso regime que se inicia depois do Ano Novo nunca dura mais do que duas semanas. A promessa de ser mais calma, mais tranquila e menos irritada se perde assim que a correria e a rotina tomam conta. A resolução de fazer exercícios diariamente, então..coitada, nem chega perto de se realizar.

Mesmo assim, mesmo sabendo que muitas coisas ficam pelo caminho, eu me dou o direito de fazer planos e traçar metas para o ano novo. Que 2010 seja um ano lindo e feliz e que muitas das nossas resolução se tornam possíveis de realizar. Que eu possa fazer todas as coisas que eu amo fazer..viajar, passar tempos felizes com meu marido, ver a minha família, trazer minha mãe pra Londres, comer coisas gostosas e surpreendentes, cozinhar coisas gostosas e surpreender os clientes, ir ao cinema, dormir bastante, começar a fazer yoga, fazer compras, ficar em casa descansando quando estiver muito cansada, ouvir músicas que me deixam feliz, ler livros que me fazem voar longe, reencontrar amigos queridos, caminhar no parque no verão..e deitar na grama depois de alongar..enfim, coisas simples e que dão sentido a minha vida.

Desejo a todos o mesmo: que vivam da maneira que se sintam felizes e que aproveitem o "agora" para fazer aquilo que gostam.

E ao mundo, eu desejo (talvez coisas impossíveis) paz, menos ódio, menos guerra,menos maldade, menus desperdício, mais cuidado com a natureza, mais cuidado às crianças, mais amor, mais respeito e mais piedade ao próximo.

Que Deus nos acompanhe durante mais este ciclo!

Hoje usei uma foto da queima de fogos na London Eye em Londres, um lugar que aprendi a amar e onde hoje eu me sinto em casa!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Receitas




Receitas...tem gente que não dá a sua de jeito nenhum..outros dizem que é receita de família e que não podem passar adiante...eu, sinceramente, não me incomodo nem um pouco em dar receita das coisas que faço. Não tenho nenhuma receita secreta e se eu não der é porque é receita de alguém que me deu e pediu que eu não desse pra mais ninguém, hahahh..que confusão!
Bom, e como algumas pessoas me pediram receitas, aqui vai a primeira receita que eu criei...sozinha e usando alguns conhecimentos, um pouco de memória degustativa e muita, muita vontade de comer a torta de sorvete, da marca de mesmo nome "Torta de Sorvete" que tem em Porto Alegre..e talvez tenha em algum outro lugar, não sei.
Sempre amei aquela torta e sempre achei muito cara..então, da última vez que comi tentei prestar atenção em cada detalhe, cada ingrediente, tentando decifrar o que fazia daquela torta algo tãoooo bom! Cremosa, com crocantes do merengue e calda de chocolate.
Numa das minhas aulas na escola de gastronomia, conversei com a professora de doces e ela me deu algumas dicas..fui pra casa e tentei fazer...e deu certo!!! Não sei se é a receita que eles usam, provavelmente não..mas faz muito sucesso lá em casa e em todos os lugares pra onde eu levo..muita gente que prova, pede e a receita..e é claro, eu dou.
Sempre faço no Natal (não consigo escapar dos pedidos), então achei que seria uma sugestão legal, e fácil, pra quem quiser agradar a family neste final de ano!
A fotinho é do natal de 2007, na tão esperada hora a "torta de sorvete" (e os meus cabelos, quanta diferença, hahahah)
Boa sorte..se alguém fizer, depois me escreve contanto o resultado
P.S Coloquei leite condensado na receita, porque apesar de ser um ingrediente que não faz parte das sobremesas "sofisticadas" , é uma coisa que eu AMO e que deixa tudo com gosto bom, até pedra!

Para uma torta média (tamanho de forma de pudim)
1 lata de leite condensado
meio litro de leite
3 gemas
Misturar tudo e cozinhar em fogo baixo (muito baixo) até fazer um creme grosso..cuidado, se ferver, vai "separar" e vai ficar uma porcaria..tem que cuidar como se fosse um creme inglês..na hora que começar a ferver, tira do fogo e mexe rápido.
Esfriar e reservar.
Com as 3 claras, fazer um merengue italiano. Merengue italiano é aquele que coloca uma calda quente de açúcar no momento que está batendo as claras. Isso faz com que ele tenha mais estabilidade, e não "separe" depois de algumas horas na geladeira.
Para o merengue italiano:
3 claras
150g de açúcar
50 ml de água
Fazer uma calda com o açúcar + água..quando estiver fervendo, despejar em fio no merengue que está na batedeira. o merengue já deve estar bem firme na hora de despejar a calda e a batedeira deve continuar ligada durante todo o processo. Deixar batendo até que o merengue esteja frio. Reservar
Fazer um chantili com 150g de creme de leite fresco. Tem que ser creme de leite fresco, o de caixinha não adianta. Se não tiver creme de leite fresco, pode usar 100g de nata + 50g de leite...Bater até dar ponto de chantili..mas cuidado, se bater muito vai virar manteiga. Bata até que fique cremoso, mas ainda líquido. Adicionar umas 4 colheres de açúcar. Reserve
Faça uma calda de chocolate com chocolate derretido (100g) + creme de leite (150g) + leite (100ml). Forre o fundo de uma forma média e funda com a calda de chocolate. Por cima da calda, colocar merenguinhos. Deixar no congelador por uns 20 minutos. Na verdade, o melhor é preparar a forma com o chocolate logo no início, assim, quando os cremes estiverem prontos, a forma já vai estar pronta também.
Misturar os 3 cremes: creme de ovos + chantili + merengue. Mexendo delicadamente de baixo pra cima. Colocar na forma (já pronta com a calda de choco no fundo) e deixar gelando por umas 6 horas. Aquecer o fundo da forma (na boca do fogão) na hora de servir...

Boa sorte!
Beijos e Feliz Natal pra todos!!! Quinta-feira estaremos indo viajar, então acho que vou ficar uns dias sem escrever..mas em 2010, espero voltar cheia de novidades sobre coisas deliciosas que comi no final de ano!!!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Meu tempo (ótimo) no Bistrô da Rua




Hoje eu não ia escrever, mas assim que percebi que ganhei uns "fregueses" me emocionei e mudei de idéia.


Vou retomar o assunto "Bistro da Rua", que sempre me trará boas recordações.


No último post sobre o Bistro, esqueci de contar que na verdade eu comecei a trabalhar lá porque fui a escolhida da turma, fui a escolhida dentre todos os alunos (da minha turma) que tinham feito estágio lá naquele semestre. Me desculpem a modéstia, mas isso me deixou tão feliz e orgulhosa de mim mesma, que não podia deixar de partilhar com vocês. Lembro que no início do curso, a coordenadora da escola falou que o Chef Osvaldo (querido) iria escolher um dos alunos que estagiassem lá, para ser efetivado. Na época eu nem dei bola, porque na minha cabeça doida estava a idéia de fazer aquele curso para ter uma base e poder abrir meu negócio de buffet para festas. No meio do estágio eu comecei a me apaixonar por tudo aquilo e a competitividade tomou conta de mim. Nessa altura do campeonato eu queria muito ser a escolhida. Queria ser a escolhida por dois motivos: um nobre (eu queria muito trabalhar lá) e outro nem tanto (queria ter o gostinho de ter sido "a melhor"). Deu certo! Dia 4 de janeiro eu estava lá, feliz da vida (e nervosa) fazendo parte do time.


Falando em querer ser " a melhor", sinceramente, não sei se acho isso errado. Acho que temos que querer ser " os melhores" em tudo aquilo que fazemos...Algumas vezes seremos, outras não..o que importa é o meio do caminho. Não adianta só querer, para ser o melhor é preciso se dedidar, e se dedicar muito. E acho que é nesse trajeto que mais aprendemos, que mais crescemos. Se no final das contas, não formos "os melhores", com certeza seremos "muito bons"! Did I make any sense??? Hehehe


Enfim, não tenho dúvida nenhuma de que lá foi o lugar perfeito para começar. Com um chef que é a "larrouse gastronomic" e um sub-chef sempre pronto a ensinar, mostrar, mandar provar, mostrar de novo. Aos poucos fui conquistando o meu espaço e tudo foi feito com muito amor, muita paixão! Claro que existiram momentos de muito estresse, muita loucura, gritos e palavrões, mas tenho a impressão que isso faz parte de (quase) todas as cozinhas do mundo. Não há humor que não se altere naqueles dias que tudo parece dar errado..que tu te queima, te corta, que a comida parece estar viva...naqueles dias que os colegas do outro turno usaram o teu "mise en place" e esqueceram de avisar...e que tu só te dá conta que a tua brunoise de cenouras desapareceu da geladeira na hora que vai usar. Coisas assim, que fazem parte do nosso dia-a-dia..coisas que enchem o nosso corpo de adrenalina na hora do corre-corre e de alegria na hora que os pratos saem lindos em direção às mesas.


Eu amo tudo dentro da cozinha..claro que não tudo todos os dias, mas geralmente estou muito feliz de estar naquele pedacinho do restaurante, com todos os seus aromas, seus sabores..seu calor terrível no verão, seu calorzinho gostoso no inverno. Enfim, é um lugar onde me sinto em casa, me sinto "por dentro da situação", me sinto confortável, me sinto eu!


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Um pouco de neve, a cara do Natal (???)


É engraçado como tudo muda de um canto do país para o outro simplesmente por causa clima. Muda a temperatura, os cheiros, os gostos, as roupas, as cores, o astral das pessoas...muda tudo. Para mim, no Brasil o clima do Natal começa a invadir minha vida assim que o jasmineiro da minha vó começa a florir. Aquele perfume doce, misturado com um ar quente, é a cara do Natal. Se eu sentar na sala da minha mãe e fechar os olhos, sinto como se estivesse na sala da minha avó, quando todos éramos pequenos e fazíamos o amigo-secreto dos adultos separado do amigo-secreto das crianças. Quando ficávamos tentando espiar a árvore de natal cheia de presentes, pela porta de vidro da sala. Quando esperávamos a chegada do "papai Noel" e nem notávamos que um dos adultos da casa não estava presente no momento que o "velhinho" chegada...até o dia em que eu percebi que as mãos do papai Noel daquele ano, eram iguais às mãos do MEU pai. Acho que o cheiro do jasmineiro sempre vai me trazer recordações que aquecem a alma e o coração, que me fazem lembrar da melhor época da vida, dos melhores "natais" da minha vida..do tempo que todos estavam lá, juntos!

Mas hoje, estando aqui, nesse frio de quase zero graus, o cheiro do Natal é completamente diferente. Com certeza bem mais próximo daquele Natal que vemos em filmes...outro clima de Natal, mas nem por isso menos encantador.

Aqui o cheiro é de frio, da fumaça das castanhas assadas que se vende pelo centro. Aqui as cores são outras..muito mais cinzas, escuras...ou talvez branco, quando neva...Hoje nevou por aqui..bem pouquinho, é verdade, mas nevou. Por aqui, a ceia de Natal é outra...comidas mais pesadas e quentes pra enfrentar o frio. Bolos de frutas, ricos em açúcar mascavo e frutas secas. Peru com "cramberry sauce", "mince pie", "roast potatos", "mulled wine (nosso quentão), couve de bruxelas, farofas de castanha...e os supermercados estão cheios de coisas deliciosas para a ceia..muitos queijos, vinhos, doces...que delícia! Se eu tivesse um desejo de Natal, seria ter toda a minha família aqui comigo..e então eu faria uma mesa linda, cheia de comida boa, quentinha e cheirosa! Talvez fossemos manter a nossa tradição e comemorar o Natal na véspera, como fazemos no Brasil. Aqui, eles comemoram no meio dia do dia 25. Todos almoçam juntos, estouram os crackers e usam os chapéus que vem dentro deles...hehehe...não entendeu nada? Pois é, eu disse para as minhas amigas do trabalho que no Brasil nos não temos "crackers", e elas não queriam acreditar em mim.

Cracker são esses pacotinhos da fotinho ali de cima. Cada 3 pacotinhos formam um cracker. Uma pessoa puxa em cada ponta, e quando eles estouram, de dentro saem: um chapéu, um brinde e uma pergunta do tipo "o que a laranja disse pro tomate?".

Enfim, acho que o clima de Natal, apesar de ter outros cheiros, outras cores e outros gostos, está presente dentro de cada um de nós e é formado por tudo aquilo que já vivemos nessa época tão especial!

Que todos tenhamos um FELIZ NATAL, com paz e amor ao lado das pessoas que amamos (ou longe delas, no meu caso)!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Bistro da Rua, como tudo começou!


Vou aproveitar que não estou com sono (dormi hoje até as 2 da tarde) e escrever sobre o meu encontro com a cozinha real...foi quando percebi que aquele "glamour" todo que envolve a profissão do "chef de cozinha" não passa de uma grande bobagem. Aliás, como diz a Roberta Sudbrak (sou fã dela), a profissão é mesmo COZINHEIRO, chef é só o cargo e uma cozinha sem cozinheiros, não tem um chef!
Lembro que quando fui fazer o meu estágio, outros colegas já tinham feito e todos iam pra aula cheios de histórias pra contar. Uns adorando e outros reclamando que só tinham lavado salada. Que coisa mais estúpida achar que vai colocar o pé na cozinha pela primeira vez na vida e vai direto pro fogão..santa petulância. Outro boato que rolava era que tinha um cozinheiro "mau", que fazia as coisas propositalmente pra "ralar os alunos", hahaha..que piada! Não que isso não possa acontecer, mas nesse caso o "cozinheiro mau" revelou-se uma das pessoas mais queridas daquela cozinha.
Mas enfim, cheguei eu no primeiro dia, muito antes da hora marcada e fiquei esperando, mega nervosa. Quem me conhece sabe que eu odeio "primeiros dias" de qualquer coisa que seja. Tenho um certo pânico de chegar em um lugar onde todos se conhecem e eu não conheço ninguém..mas continuando a história, quando chegaram todos os cozinheiros, me mostraram aonde trocar de roupa e fomos pra cozinha. O chef ainda não estava lá. O cozinheiro "mau" era o responsável e me mostrou o que fazer. Minha primeira tarefa foi descascar batatas..até aí tudo bem. Quando terminei, ele me pediu pra limpar a geladeira...iii, ferrou! Pronto, ele é mau mesmo, eu pensei..e me odeia! Limpei o raio da geladeira, não entendendo porque ele estava me dando aquele trabalho cruel, quando o que eu mais queria era cozinhar. Mas tudo bem, limpei a geladeira imaginando que aquilo fosse um teste, pra ver se eu tava ali pra trabalhar mesmo, ou pra desfilar, como algumas das minhas colegas que até maquiadas iam para a cozinha (laranjas de tanta base...santa paciência).
Acho que foi no segundo dia que eu cheguei perto do fogão pela primeira vez. Me pediram pra fazer uma base de risoto e eu fui, feliz mas com medo porque até então nunca tinha feito a tal base. Tivemos uma aula sobre a tal base, mas o professor fez uma vez, explicou e era isso. Quando aquela boca dupla de fogão industrial começou a esquentar e o meu braço começou a doer mexendo dois quilos de arroz eu pensei: "o que eu to fazendo aqui??? Que horror, que quente, que pesado..eu odeio isso, não quero trabalhar aqui, não quero mais nem fazer estágio". É até engraçado eu lembrar disso agora, mas naquele momento foi isso que pensei. Acontece que naquele mesmo dia o restaurante começou a encher. A cozinha começou a se movimentar cada vez mais rápido e nem lembro bem qual era a minha função naquele momento, só lembro que a adrenalina começou a tomar conta de mim. Aquela energia boa, de desafio e depois de orgulho, quando todos os pratos saem da cozinha lindos e no tempo certo. Acho que eu até estava lavando louça (naquela época não tínhamos lavagê)mas mesmo assim me senti parte da equipe e senti que o meu trabalho, lavando as frigideiras para que os cozinheiros pudessem usar de novo, era muito importante.
Depois disso, o pânico do fogão gigante e quente desapareceu completamente. Em duas semanas eu já estava por dentro de tudo, sabendo montar todos os pratos, o peso de cada porção, como cortar cada legume e o que fazer primeiro para que tudo saísse dentro do tempo. No último dia (era um estágio de somente duas semanas) o que eu mais queria era ficar...e fiquei. O chef conversou comigo e me convidou pra trabalhar ali. Lembro que era Dezembro e ele me pediu que começasse dia 3 de Janeiro, quando eles voltariam das férias. Foi um dos finais de ano mais alegres da minha vida.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Antes do início


Começar o blog com uma história sobre o meu "encontro" com a cozinha pode parecer longo demais para quem for ler, se é que alguém (além da minha mãe) vai se dar ao trabalho de entrar aqui...mas tudo bem, acho que estou escrevendo para mim mesma.

Sempre gostei de escrever e hoje, as 4 da manhã, depois de ler quase todos os post da Roberta Sudbrak (chef que admiro muito), resolvi começar algo que talvez não dure muito tempo...mas de qualquer forma, vai ser interessante pra mim.

Acho que sempre fui apaixonada por cozinhar, desde pequena, eu que fazia a maionese para a salada de batatas do domingo, os bolos dos meus aniversários, bolachinhas para dar de natal, sorvete caseiro e tudo o mais que estivesse no caderno de receitas que ganhei da minha dinda quando eu tinha uns 8 anos.

Talvez tenha sido ela a minha grande inspiradora, já que sempre gostou de cozinhar e tinha em casa (ainda tem) muitos livros, pastas e cadernos de receita.

De qualquer forma, na hora de escolher uma profissão acabei por ignorar esse amor inato e, com 17 anos, entrei na faculdade de jornalismo da PUCRS, a Famecos. No começo até gostei, não do jornalismo, é verdade, mas sim da Publicidade. Tentei até trocar de curso. Como não aceitaram, resolvi fazer vestibular de novo. Dessa vez, Biologia, na UFRGS. Digamos que amei o primeiro semestre (não as cadeiras, mas aquela energia de "ser aspirante à bióloga), dormi em quase todas as aulas do segundo semestre (época em que conheci o Adriano, meu marido) e passei o terceiro semestre inteiro contando os dias para que terminasse, já que em setembro estaríamos indo para a Nova Zelândia.

Quase dois anos depois voltamos ao Brasil...Nesse meio tempo moramos também na Itália e em Londres. Conhecemos Amsterdam, Paris e Barcelona. Talvez todas essas novas experiências tenham mudado um pouco o meu "querer", que por si só sempre foi meio "mutante". Enfim, eu tentei, mas a Biologia já não era mesmo mais pra mim.

Nesse meio tempo, descobri, a duas quadras de casa, a Egas - Escola de Gastronomia Aires Scavone e essa foi a minha salvação. Lá eu me reencontrei com a cozinha e me apaixonei por coisas que antes eu pensava detestar..mas essa história eu conto mais pra frente.

Por intermédio do curso, fiz estágio no Bistro Da Rua, que foi a minha grande escola..mas essa história eu também conto mais adiante.

Depois de 1 ano e meio no Bistro da Rua, decidi que era hora de seguir os conselhos de Daniel Boulud, colocar uma mochila nas costas e sair mundo a fora em busca de experiências e aprendizado. Então, cá estou! Desde março deste ano trabalho no The Wet Fish Cafe, um restaurante de "comfort food" em Londres. Um lugar onde aprendi a amar uma nova maneira de cozinhar...