De operário à maestro...

Passada uma semana desde que assumi a cozinha do SALT, vim contar como foi esse início e as minhas primeiras impressões do meu novo trabalho.
Começar nunca é fácil.. Eu odeio inícios e "primeiro dia" então, nem se fala... Apesar disso, eu to sempre inventando moda e mudando o rumo da minha vida..se sou maluca, eu não sei, mas isso é assunto para um outro post.
De qualquer forma, dessa vez me surpreendi. Claro que uma noite antes do meu primeiro dia eu mal consegui dormir, mas não era insônia de nervoso, era insônia de euforia.
As duas da manhã, enquanto eu me girava de um lado para o outro, eu me descobri super "pilhada".. Louca pra começar logo!
Quando cheguei na cozinha parecia que todos estavam também um pouco apreensivos com a minha chegada. Mas no final das contas tudo correu bem e apesar do meu coração ter saltado quando "chamei" a primeira comanda, depois de alguns minutos já me sentia parte da cozinha.
Nos começo, eu, sem saber muito o que fazer, ia de um lado pro outro, abrindo potinhos, provando e cheirando tudo...um pouco controlando e um pouco fazendo hora.
Com o passar dos dias fui encontrando mais o meu lugar dentro da cozinha e hoje já me sinto quase em casa.
É engraçado porque a cozinha é teoricamente toda minha, mas na prática não tenho nem uma boca de fogão, hehehe.
Não tenho a minha geladeira, as minhas pinças e meu mise-in-place para preparar.. Não sou responsável por nenhuma seção, sou responsável por tudo, mas não cozinho nada... Estranho, né?
Nunca vivi isso antes. No The Wet Fish eu era a head-chef, mas trabalhava que nem um cavalo... Até louças eu lavava.
Aqui não. Aqui me sinto o maestro de uma orquestra. Não toco nada, fico ali só "regendo" as comandas, controlando cada acorde e finalizando os pratos... E depois me chamam nas mesas para fazer elogios!
Tenho que admitir que me sinto um pouco como uma farsante e trato sempre de passar os elogios adiante, à quem realmente os merece. Ao menos por enquanto não me sinto de maneira nenhuma digna de nenhum elogio. O menu não é meu e não fui eu que cozinhei, ora bolas!
Acho que é algo com que eu tenho que me acostumar, e com o passar do tempo vou me sentir mais participante e talvez merecedora de algum elogio.
De qualquer forma, e apesar das horas sem fim que passo lá dentro, estou muito feliz com o meu novo emprego. Às vezes sinto aquela mesma empolgação de um começo de namoro, aquele frio na barriga gostoso e inesperado.. Um monte de pensamentos misturados e idéias pro futuro...menus, pratos e receitas borbulham na minha cabeça (geralmente quando estou tentando dormir), e meu coração acelera com as boas perspectivas!
Tomara que tudo continue dando certo! Torçam por mim!